28 de novembro de 2012

Nossa Senhora de Fátima (2012)


Acervo particular


Nossa Senhora de Fátima, é uma das designações atribuídas à Maria, que segundo os relatos da época e da Igreja Católica, apareceu repetidamente a três crianças pastoras, em Fátima, tendo a primeira aparição acontecido em 13 de maio de 1917.
Segundo relatos posteriores aos acontecimentos, por volta do meio dia, depois de rezarem o terço, as crianças teriam visto uma luz brilhante; julgando ser um relâmpago, decidiram ir-se embora, mas, logo depois, outro clarão teria iluminado o espaço. Nessa altura, teriam visto, em cima de uma pequena azinheira, uma "Senhora mais brilhante que o sol". A 13 de outubro, estando presentes na Cova da Iria cerca de 50 mil pessoas, segundo os testemunhos recolhidos na época, o sol, assemelhando-se a um disco de prata fosca, podia fitar-se sem dificuldade e girava sobre si mesmo como uma roda de fogo, parecendo precipitar-se na terra. Tal fenômeno foi testemunhado por muitas pessoas, até mesmo distantes do lugar da aparição. O relato foi publicado na imprensa por vários jornalistas que ali se deslocaram e que foram testemunhas do fenômeno. Contudo, há testemunhos de pessoas que afirmaram nada ter visto, como é o caso do escritor Antônio Sérgio, que esteve presente no local e disse que nada se passara de extraordinário com o sol, e do militante católico Domingos Pinto Coelho, que escreveu na imprensa que não vira nada de sobrenatural. . Entretanto, testemunhos da época afirmaram que o fato não aconteceu com o sol (este ficou do mesmo tamanho) mas sim com um objeto luminoso que se destacou no céu girando sobre si próprio e mudando de cor. (Fonte: www.wikipdia.com.br. acesso em 30/08/2013).
Um pintura que representa o momento de uma aparição de Maria, em Fátima-Portugal. Uma temática proposta, porém uma obra nunca estará limitada ao seu contexto, pois o ultrapassa, pois além da forma, do tema e do tempo e espaço, está a expressão, embora tratando-se de uma obra encomendada, o artista Assis Costa foi capaz de criar uma pintura original, do ponto de vista, de sua sensibilidade singular, resultado de suas pesquisas estéticas, na perspectiva modernista, procurando sinterizar a forma, sem perder a leveza e suavidade de linhas estimulado pelo tema mariano. O qual se configura na obra do artista como um ícone para além da religiosidade e sim da espiritualidade. Buscando no interior do ser, Maria, mãe de Jesus, segundo esta concepção, ser de luz, guardiã da paz. A imagem que interiorizamos culturalmente, re-inventada, tracejada de forma harmoniosa, híbrida, espectral, construída por uma estética que se propõe sincera e aberta as inspirações contemporâneas, de leituras que promovem a discussão sobre as ditas verdades, a razão, o discurso oficial, imerso na mística que envolve a pintura. Deste modo, entende-se que a arte não é um instante de milagre, embora creia na condição espiritual da mesma, segundo Ferreira Gullar (2003, p.240 "cria-se com o trabalhou, o domínio dos meios de expressão, a acumulação gradativa da experiência vivida que se transforma em sabedoria técnica". Assim, é um trabalho árduo, de percepção, com vista a entender a imanência da arte, uma "sofisticação" gradativa da experiência pictórica a qual Assis Costa labuta a mais de 20 anos vivendo exclusivamente da arte, para a arte.

Por ora, aqui deixo a minha fala.

Ilka Pimenta
30 de agosto de 2013

15 de outubro de 2012

Para coisas que nos tocaram em discos voadores (2012)


AST  50 x 50 cm 
Acervo particular

Esta obra trás referências à duas grandes representações da música: Beatles e Luiz Gonzaga, o rei do baião representado por um sanfoneiro tocando a música "Assum Preto" e ao mesmo tempo faz menção a música "Blackbird", o que já fora cantada antes pelo músico Belchior onde ele faz uma analogia a essas duas composições. Dessa forma, podemos dizer que aqui também se fala da MPB (música popular brasileira), por isso o título da obra, pois os músicos citados são da época em que seus sucessos só eram ouvidos em discos de vinil. Realmente eram os nossos pais que tocavam em suas radiolas essas canções que ouvíamos e viajávamos, daí o termo discos voadores. Mas viagem maior não pode haver que um submarino amarelo encalhado em pleno sertão.

Assis Costa - 21 de Outubro de 2012

10 de junho de 2012

"Casal sertanejo" 30 x 30 cm  (2012)
Acervo particular

"Casal sertanejo" nos embevece com sua simplicidade, sua forma direta e elegante em falar do amor entre um homem e uma mulher, neste caso. Vejamos o cenário que envolve os dois, são personagens que sintetizam a harmonia que deve ser o amor, pois seus corpos se unem e se completam pelos traços cubo-expressionistas que o artista propõe. O lar é o sertão, ao qual no último plano vemos o peculiar Pico do Totoró e a  chamada "Pedra do caju" que pertence a região do Totoró próxima ao município de Currais Novos/RN, ícones na obra de Assis Costa. Nos planos de fundo composto por casas e a natureza que anima a obra, identificamos a casa grande e a casa do morador, provavelmente a do personagem central, revelando a humildade e o amor, assim como o caminho que dá para a casa é a mesma linha que traça as figuras, estas representadas com as cores primárias, quase uma forma escultórica moldurada pela paisagem sertaneja. Toda a obra é repleta de códigos simbólicos, entre os quais a camisa deste homem, que remete a uma gaiola, onde o pássaro se encontra livre, é o próprio coração da jovem mulher que em atitude fraternal se agraciam um ao outro. Seu ventre, lembra uma fruta, o tom vermelho a paixão, que alimenta o dia a dia dos enamorados.

Ilka Pimenta,  29 de setembro de 2012.  

28 de abril de 2012

São Jorge

Acrílica sobre tela 100 x 70 cm
Acervo particular

Essa pintura consegue expressar a  força que a temática possui, através do cubismo, usando traços de maneira limpa e cores que apesar de aparentemente puras, são na verdade, várias gamas cromáticas para conseguir tal efeito, numa espécie de colorido neutro, onde os amarelos, misturados as sombras, são equilibrados com os tons de branco, os verdes do lagarto-dragão com suas texturas construindo um degradê.  Que também é resultado de um desdobramento estético de metamorfose desta figura que identifica as (formas) picassianas, num movimento de fúria e dor. Esta obra pode lembrar os mosaicos romanos, num diálogo entre a herança greco-romana, através da escultura e pintura do mundo antigo. Atravessando o périodo medieval, onde a figura de Jorge é exaltada, algo que vinha contribuir com a imagem de mártir cristão que Igreja propunha em seu discurso. Era, sobretudo, uma forma de dogmatização, que sendo incorporada as culturas subjugadas na américa latina, no caso, do Brasil, se endossa um sincretismo religioso, entre o universo afro-descendente e o catolicismo.
Além disso, a força mítica que o personagem esala nas suas diversas manifestações por todo o mundo, torna ainda mais problematizador esta arte, devido as lendas suscitadas pela história do cavaleiro Jorge, um soldado romano nascido em Capadócia que teria vivido por volta de 275 dc. que se rebelou contra o império que ajudou a construir, questionando as atrocidades exercidas contra os primeiros cristãos.
Portanto, o interesse do artista Assis Costa em representar com seus matizes culturais, estes icones de Francisco de Assis, São Jorge e Dom Quixote, é problematizar o seu próprio trabalho, tecendo dialogos entre estas figuras, relacionado neste sentido a uma mística e lúdica visão de mundo, com os sentimentos de heroísmo, coragem e esperança que permeiam tais histórias.

Ilka Pimenta
19 de maio de 2012.

24 de abril de 2012

Ceia entre dois Rios

Acrílica sobre tela 60 x 200 cm
Acervo particular

Esta pintura de título "Ceia entre dois Rios" nos remete a uma paisagem fictícia baseada numa paisagem real, de lugares distintos, porém unidos hermeticamente por uma mesa, contudo sabemos bem que esta já tem em si, toda uma simbologia representando uma produção humana, construida subjetivamente por sentimentos familiares, ancestrais.. pois a concepção de união presente na mesa está desde nossos primórdios, ao se reunirem ao redor de uma fogueira para se aquecerem, comerem e beberem o trabalho do dia, para depois representar a civilização, com todas as minúcias culturais de todas as épocas e lugares.  '
Esta obra foi uma encomenda em que os clientes e amigos de Assis Costa, solicitaram-lhe uma temática que envolvesse a cultura do Nordeste (potiguar) e a do Rio Grande do Sul, e que tivesse uma conotação de sentimentos, de família e amizade. O artista desde 2002 viaja a trabalho para a Serra gaúcha como artista plástico, realizando eventos, pintando e esculpindo, com isso ao longo desse tempo estreitou laços de afetividade com o lugar e com algumas pessoas que passaram a fazer parte de sua vida.
Então, esses códigos culturais expressos na obra se imbricam ao sentimento de nostalgia que lhe é soberano.
A visão é bem clara, é um passeio pela paisagem do sertão e a paisagem gaúcha de Nova Petrópolis, especificamente. O Rio que corre entre esses universos é a fluidez da vida. A ausência de pessoas, que chega a incomodar, evidencia a saudade, essa é a idéia central do quadro, segundo o artista, contudo os elementos que compõe a cena representam intimamente a individualidade daqueles que a contemplam de fora para dentro.

Ilka Pimenta. 28/04/2012.


1 de março de 2012

"Cabras II" (2012)

Óleo sobre tela 70 x 50 cm
Vendido

"Convide-se a penetrar nesse universo rural, a fazer parte dessas vivências, de viver simplesmente ou de questionar o vivido. Para alguns, basta viver! Outros de pensar muito perdem uma tal "ingenuidade", embora seja necessário o pensar, mas é só disto que precisamos para evoluirmos? Que venha o equilíbrio tão discutido, constituir-se essência de nossas ações.
Nesta tela cubista, Assis Costa pinta os animais, as cabras são protagonistas deste cenário em que os elementos fazem um jogo geométrico, estas formam o grupo sete, número este que aparece em várias de suas obras, dada a sua concepção de mundo, em crer na simbologia espiritual do sete, como número da perfeição, compreendendo-se a herança da fé cristã. As cabras estão no primeiro plano da tela, onde seus brancos, marrons, cores derivadas e sombras contrastam com o fundo amarelo-ouro, um tipo de ocre que ilumina toda a tela. A cerca e a porteira com o pássaro dividindo o espaço, também não estão por acaso, em termos estéticos tornou-se uma marca na obra do artista, um código perceptivo de nossas fronteiras.
Ao fundo o grupo da casa-com-árvore (Flamboiã florada) revela uma estação do ano, talvez a estação do quadro, do quadro psicológico do autor, de suas vivências no sertão. O Homem, o cavalo e o cão se interagem. O pequeno morro (serrote) onde está erguida uma capelinha, contendo a história do local, suas singularidades, alguma promessa de um morador antigo, perpetuada, tornada lenda e crença. E as serras de um lilás longícuo, profundo como o mar... Assim, é só um começo de uma jornada artística para Assis Costa (série-animais), pois as cabras para o autor significam sobretudo resistência, e é nesse conceito base, em que fundamenta a sua concepção de arte nesse momento, pois desde tempos remotos, do mundo antigo a modernidade os caprinos estiveram junto a humanidade, doando-lhes fixação e vida".

Meus caros amigos, queiram completar minha embrionária leitura
Obrigada!

Ilka Pimenta 10/03/2012