24 de agosto de 2011

"A índia Luiza e as origens do Seridó" (2006)



Óleo sobre tela 120 x 162
vendido

O título: "A índia Luiza e as origens do seridó" já prenuncia algo da obra, baseando-se nos mitos de origem, Luiza, a índia, seria um símbolo da miscigenação dos povos indígenas e europeu nessas paragens seridoenses. Segundo o artista de tanto ouvir as pessoas falarem: "minha bisavó foi pega à casco de cavalo", o instigou a produzir uma pintura que sugere o classicismo, este enquanto exercício do fazer artístico referindo-se a temática histórica, representando um momento de ação do colonizador laçando a índia. Contudo, para a historiografia contemporânea, nem sempre havia resistência por parte das índias, já que o modo de tratamento do europeu se diferenciava dos modos dos homens indígenas. Assim, chegamos a ideía de que os conceitos são sempre relativos e que apesar da bárabarie exercida pelos processos colonizadores, as formas de poder no acultaramento destes povos se davam muitas vézes pela sexualidade, docilizando essas relações.
A paisagem é uma imagem fictícia da região do Totoró, povoado próximo a Currais Novos/RN, já que a "Pedra do cajú" atualmente é imersa as águas, e logo o cenário é romântico a exemplo das artes visuais e literatura do século XIX, que pregava a idéia do "Bom selvagem" inspirado em Rousseau (XVIII). A graça e beleza feminina diante do seu (opressor), o colono que veio em busca de riquezas e prazeres, pousou "placidamente" sobre a carne (terra) física e a carne humana.
Ilka Pimenta (13 de setembro de 2011).

"João Redondo no sítio" 2011



Acrílica sobre tela (Mini tela - 21 x 22 cm com a moldura)

Vendido

"O teatro de mamulengo, uma das expressões mais genuinamente popular, não é apenas lúdido, engraçado... fantástico, é sobremaneira arte em movimento.
"A magia da arte milenar do Teatro de Bonecos que encanta adultos e crianças é uma das mais remotas maneiras de diversão entre a humanidade. Registros dessa forma de expressão artística existem desde a Pré-História. (...) A origem do Teatro de Bonecos remonta ao Antigo Oriente, em países como a China, Índia, Java e Indonésia. Por intermédio dos mercadores foi se dispersando para a Europa, inclusive sendo usado durante a Idade Média como instrumento de evangelização. Mas com o Cristianismo, durante a Renascença, o Teatro de Bonecos ficou abafado. (...) O Teatro de Bonecos é uma síntese das artes e acontece dentro de um contexto histórico, cultural, social, político, econômico, religioso e educativo. É praticado em todo o mundo, assumindo fisionomias e espírito dramático bem diferenciado, dependendo da localização geográfica, tradições culturais, crenças e costumes. (...)

Na América, o surgimento do Teatro de Bonecos aconteceu por volta do século XVI, época dos grandes descobrimentos, o que contribuiu muito para sua divulgação no mundo inteiro. Confeccionado muitas vezes, semelhante à nossa imagem, o boneco se torna um ser misterioso em torno do qual podemos construir um mundo". (Fonte: www.augustobonequeiro.wordpress.com)

De toda forma essa manifestação da cultura popular se expressa de modo expontâneo e criativo, sendo apresentado em qualquer lugar. Nessa pintura, Assis Costa retrata um "João Redondo" no sítio, exprimindo acima de tudo a simplicidade que essa cultura caracteriza. Abordando temáticas variadas, faz-se referência ao cotidiano e a história nordestina, dos cangaceiros, coronéis e "assombrações" como a "Alma", faz uma crítica sutil as formas de poder instituído, como o personagem "Capitão João Redondo", grande latinfundiário. Enfim, falar sobre o teatro de mamulengo, é falar do povo, de como ele se ver, quais os signos que melhor o representa através de figuras cômicas e ignorante (simples) como o "Baltazar", além do "Boi" que ronda as cenas capturando risos e fantasia".


Ilka Pimenta.

20 de agosto de 2011

"Cristo Iluminado" 2011




Acrílica sobre tela 200x150cm (Localizada na Unidade Médica CEOM - Centro de especialidades odonto-médicas, Currais Novos/RN).

"Esta obra foi uma encomenda, o cliente desejava um Cristo crucificado, porém o artista tentou argumentar a favor de uma imagem menos dolorosa, então criou uma espécie de luz, onde a figura espectral de Jesus é uma imensa coluna que nasce do sertão, uma aparição divina dentro de um estilo configurado como surreal. Outra coisa a observar na obra é que as pessoas apesar de estarem vislumbradas, estas continuam trabalhando em seus universos. Mostrando assim, que a mensagem de Jesus estaria vinculado ao amor, e também ao trabalho, a busca pelo crescimento espiritual. A paisagem é composta pelos ícones da região do seridó: o pico do Totoró, a "Pedra do Navio", mais conhecido como "Cruzeiro", a vegetação da caatinga e as formações rochosas, "a Serra do Chapel e da "Acauã"... o chão árido de nossa região, tudo emblematicamente unido as representações humanas e aos animais, uma obra que nos transmite tranquilidade e reflexão espiritual".

Ilka Pimenta.

11 de agosto de 2011

" À luz da fogueira" 2010



Acrílica sobre tela 34 x 28 cm
Vendido

"Observem que "À luz da fogueira" é uma pintura expressionista, a pincelada é livre, expressando sobretudo emoção. Podemos identificar claramente os elementos humanos da paisagem, pintura extremamente vibrante pelas cores empregadas, em que o centro é a fogueira que ilumina toda a tela, composição simples, onde predomina o estudo das cores. Dentro desse contexto, forma uma massa de volumes, de cores... que é na verdade segundo o próprio Assis Costa: "São idéias sugestivas", porque o expectador estará livre para imaginar o que sugere a imagem. Portanto, a tela é rica em expressão de cores!"

Ilka Pimenta.

10 de agosto de 2011

"Seridós - mundo rural" (2011)



Acrílica sobre tela 29 x 26 cm

Vendido

Esta obra é a primeira "mini-tela" em que o artista retrata esta estética cubista, com os meandros de sua pintura, ou seja, a sua busca pessoal por um estilo próprio. A síntese da forma, não refere-se a simplificação do conteúdo, pelo contrário, o conteúdo é problematizado, posto que não é uma paisagem por uma paisagem mas sim uma necessidade de caractericar os ícones da cultura nordestina e dos elementos naturais com olhar investigador, apurando sutilezas do discurso visual, intrínseco a nossa paisagem física e cultural.

Ilka Pimenta.

9 de agosto de 2011

"Vaqueiros" 2011

Acrílica sobre tela 60 x 40 cm
Valor + Frete à consultar (vendido)



"Construímos nossa narrativa por meio de ecos de outras narrativas, por meio da ilusão do auto-reflexo, por meio do conhecimento técnico e histórico, por meio da fofoca, dos devaneios, dos preconceitos, da iluminação, dos escrúpulos, da ingenuidade, da compaixão, do engenho. Nenhuma narrativa suscitada por uma imagem é definitiva ou exclusiva e as medidas para aferir a sua justeza corriam segundo as mesmas circunstâncias que dão origem a própria narrativa. (MANGUEL, 2001, p. 28).

Diante disso, tudo postado neste blog. em forma escrita pode suscitar interpretações diversas, sendo assim, nada e nem ninguém graças a Deus é possuidor de verdades absolutas, logo me expresso como qualquer um, que queira deleitar o seu olhar para as artes e ter o atravimento de questionar tal produção visual, a poética da pintura, algo que instiga os sentidos de tal maneira que assemelhar-se a um trem em desparada, num ritmo musical desenfreado... Acho que (Deus) nos deu a liberdade, e com ela poder orbitar em pluriuniversos, jamais ele seria um ditador, construindo arranha céus de verdades concretizadas em nosso espírito.

Portanto, falar da tela os "Vaqueiros" é sondar apenas um mundo de idéias plantadas por Assis Costa neste espaço-tela. Vejamos um pouco as características formais: lá estão elas, as linhas... entrecortando os espaços, dividindo, dando sentido e deslocamento aos personagens: homem-natureza. É cubismo, é pós-expressionismo? Nesses ismos, vejo uma pintura que lembra a arte rupestre, pelas suas cores ocres, terras, ao mesmo tempo uma escultura policromada de figuras que paracem ser de papel, postas em ritual, em posição de largada, para a "pega de gado", um "alucinado" gesto da cultura nordestina. Um Carrossel a girar, girar, girar... eternizando pensamentos. As cercas, o casario ao fundo, particularidades da obra de Assis Costa. O cavalo branco em primeiro plano contrapondo com a casa branca, equilibrando as cores, pontos de fuga, de ligação, que dão profundidade.
Este grupo de homens sertanejos tão misturados a terra, que paracem esculturas de barro, aí vigora também suas mentes, a imaginação fundada no cotidiano, na necessidade de repetir rituais ancestrais, gente que segue a vida sem pensar muito, que as vézes pretrifica a cultura, se tornando homem de pedra."

Madame Marfim.

Fonte: MANGUEL, Alberto. Lendo imagens: uma história de amor e ódio. (Tradução de Rubens Figueiredo, Rosaura Eichemberg, Claúdia Strauch). São Paulo: Companhia da Letras, 2001. 11-258p.